A gravura é uma operação primitiva. “Pré-humana”, escreveu Bachelard.
No entanto, na historia da arte, o primitivismo é uma presença moderna. as gravuras que Ana Alice nos apresenta sustentam a confluência dessas duas determinações. Com água-forte, água-tinta, calcografia, as mãos da artista transfiguram o figurativo em um processo de expansão plástica que tende para a abstração sem, contudo, abrir mão do poder de sugerir visões: o abano expande-se em geometrismos e riscos armam uma fogueira como um sopro vira palavra ou pode animar um fogo. Mas não nos apressemos a ver as imagens. O que Ana Alice nos dá a olhar transcede o visível e exige reflexão.
João A. Frayze-Pereira