A FIG Bilbao, Feira Internacional de Gravura e Arte em Papel, realizará sua 14ª edição no Palácio Euskalduna de Bilbao, um espaço localizado no coração da cidade. A Feira acontecerá de 27 a 30 de novembro de 2025 e contará com uma programação completa de atividades relacionadas à Arte em Papel.

O Palácio Euskalduna, com uma área de mais de 5.000 m2, está localizado ao lado do Museu Guggenheim de Bilbao, perto do Museu de Belas Artes e perto da Torre Iberdrola e da Aretoa Bizkaia, o auditório da Universidade Basca. O interior aberto da Euskalduna e suas excelentes conexões de transporte fazem da Feira um evento atraente para os visitantes.

A FIG Bilbao mantém sua própria personalidade. Sua abordagem exclusiva à Arte em Papel lhe confere um caráter único na Espanha e na Europa. O evento anual reúne cerca de cinquenta galerias nacionais e internacionais dedicadas à arte gráfica contemporânea e histórica.

Durante essa semana de novembro, Bilbao se transforma no centro da Arte em Papel, graças a uma programação completa de atividades durante a Feira: fóruns, encontros, exposições, visitas guiadas, oficinas para crianças... sem falar nas colaborações entre instituições e agentes culturais.

FIG Bilbao 2025

“Entre o Céu e a Terra: oito artistas brasileiros”

A Galeria Gravura Brasileira foi fundada em 1998. Com sua rica programação expositiva, continua sendo o principal espaço dedicado às artes gráficas no Brasil. Para nossa primeira participação na FIG Bilbao, selecionamos gravuras de oito artistas que exploram diferentes técnicas e poéticas. Essas obras transitam entre a busca pela transcendência, o divino, a paisagem, a natureza e a cidade — um reflexo de um país de grande beleza, poesia, história, contradições e criatividade. Os artistas aqui reunidos integram a ampla tradição gráfica da arte brasileira, que compreende a gravura não apenas como técnica, mas, sobretudo, como meio poético e expressivo.

Em Augusto Sampaio, objetos cotidianos são submetidos a uma catalogação — um alfabeto de coisas comuns e aparentemente insignificantes. Ao imprimir essas imagens em fichas de arquivo de papel Kraft, o artista combina as figuras ao alfabeto ocidental, criando novas séries, sequências, listas e significados.

Cláudio Caropreso comenta a realidade circundante, a prática gráfica, a linguagem dos cartazes de rua e a própria história da arte na criação de suas gravuras. A energia das intercalações de cores matizadas e a agressividade dos cortes emergem de suas imagens. Entre a Pop Art e o expressionismo, Caropreso combina referências atuais e sombrias para valorizar a rua e a urbanidade.

Vinicius Libardoni dedica-se à experimentação com ferramentas, materiais e soluções construtivas típicas da arquitetura e da indústria da construção civil, criando imagens, objetos e instalações espaciais que se situam na fronteira entre os campos da gravura, da arquitetura, da escultura e da arte pública. Em sua obra, o arquiteto-artista combina a estética do artesanato, a característica tátil dos materiais e soluções construtivas próprias para criar imagens poéticas que nos convidam a refletir sobre a condição contemporânea da arquitetura e do patrimônio construído — com foco em estruturas esquecidas, abandonadas e muitas vezes perdidas no tempo.

A série “Deambulatórios”, de Ernesto Bonato, surge a partir de uma residência artística em Anzy-le-Duc, pequena vila na Borgonha francesa. O artista faz uso de pontas secas de diferentes tamanhos para a gravação manual das matrizes, produzindo milhares de pequenos orifícios na superfície da madeira. A construção da imagem não é fotomecânica, mas uma interpretação intuitiva da luz e da sombra impressa sobre fino papel japonês. O resultado são imagens espectrais que parecem emergir da madeira, como se lá sempre estivessem.

As gravuras de Jacqueline Aronis indagam a origem cósmica: são astros ou nuvens em improvável equilíbrio — imagens de corpos etéreos, distantes, coloridos e algo triunfantes — que têm sua origem gráfica em um instante de ousadia e medo. Vemos a humanidade diante da enormidade do universo e dos mistérios da existência.

Kika Levy constrói mundos de sutilezas. Sua busca de sentido se dá, sobretudo, na aproximação com a essência, com o prumo, com a espinha dorsal de todas as coisas. Essa procura está presente no desenho meticuloso das texturas de folhas e flores, na espantosa e misteriosa precisão das formas brotadas da natureza. Para aproximar-se ao máximo e assumir um corpo a corpo com essas estruturas, olhos e mãos se equipam com as intenções minuciosas de lupas e microscópios. Eis a estratégia da artista: nutrir-se de delicadeza e exatidão.

Para Ulysses Bôscolo, o desenho é uma combustão; a gravura, um gesto também intrusivo em suas repetições; e a cor, uma relação vulcânica no ato de sua fabricação, quando esfria em contato com as superfícies. Suas figuras parecem nascer dos atritos, das fissuras que nosso olhar produz sobre as coisas do mundo — e é da parte do fogo que vem a energia para o desempate das volições. São fogos-fátuos tecendo um discurso fabuloso, iluminando regiões de cegueira. Desenhadas, gravadas e impressas sobre papéis de diferentes origens, as figuras aqui reunidas navegam em direção a uma biblioteca onde os livros estão permanentemente abertos, com as páginas batidas pelo vento.

Nina Kreis é gravadora, escultora e mestre-impressora. Seus trabalhos trazem memórias e afetos de sua viagem ao Japão em 2024, quando participou da 12ª Trienal do Museu do Papel Ino-cho, em Kochi (onde possui obras no acervo).

Discípula de Marcello Grassmann, que exerce grande influência em sua trajetória, Nina reflete constantemente sobre a reprodutibilidade da gravura e como ela pode influenciar a própria imagem e sua interpretação. Devido à sua experiência e familiaridade com diferentes materiais — gravuras, papel, madeiras recicladas, móveis e objetos —, sentiu-se atraída a combiná-los em seu trabalho artístico, criando obras mais escultóricas, verdadeiras assemblages gravadas.

Eduardo Besen

Outubro 2025

Galería Gravura Brasileira en la FIG Bilbao 2025

“Entre el Cielo y la Tierra: ocho artistas brasileños”

La Galería Gravura Brasileira fue fundada en 1998. Con su rico programa de exposiciones, sigue siendo el principal espacio dedicado al arte gráfico en Brasil. Para nuestra primera participación en FIG Bilbao hemos seleccionado grabados de ocho artistas que exploran diferentes técnicas y poéticas. Estas obras transitan entre la búsqueda de la trascendencia, lo divino, el paisaje, la naturaleza y la ciudad: un reflejo de un país de gran belleza, poesía, historia, contradicciones y creatividad. Los artistas aquí reunidos forman parte de la amplia tradición gráfica del arte brasileño, que concibe la estampa no solo como una técnica, sino sobre todo como un medio poético y expresivo.

En Augusto Sampaio, los objetos cotidianos son sometidos a una catalogación: un alfabeto de cosas comunes y aparentemente insignificantes. Al imprimir estas imágenes en fichas de archivo de papel kraft, el artista combina las figuras con el alfabeto occidental, creando nuevas series, secuencias, listas y significados.

Claudio Caropreso comenta la realidad circundante, la práctica gráfica, el lenguaje de los carteles callejeros y la propia historia del arte en la creación de sus grabados. La energía de las intercalaciones de colores matizados y la agresividad de los cortes emergen de sus imágenes. Entre el Pop Art y el expresionismo, Caropreso une referencias actuales y sombrías para reivindicar la calle y la urbanidad.

La serie “Deambulatorios” de Ernesto Bonato surge a partir de una residencia artística en Anzy-le-Duc, una pequeña villa en la Borgoña francesa. El artista utiliza puntas secas de diferentes tamaños para grabar manualmente las matrices, produciendo miles de pequeños orificios en la superficie de la madera. La construcción de la imagen no es fotomecánica, sino una interpretación intuitiva de la luz y la sombra impresa sobre fino papel japonés. El resultado son imágenes espectrales que parecen emerger de la madera, como si siempre hubiesen estado allí.

Los grabados de Jacqueline Aronis indagan en el origen cósmico: son astros o nubes en equilibrio improbable, imágenes de cuerpos etéreos, distantes, coloridos y de cierta majestuosidad, que tienen su origen gráfico en un instante de osadía y de tenor. Contemplamos a la humanidad frente a la inmensidad del universo y los misterios de la existencia.

Kika Levy construye mundos de sutilezas. Su búsqueda de sentido se da sobre todo en la aproximación a la esencia, al eje, a la columna vertebral de todas las cosas. Esta investigación se manifiesta en el dibujo minucioso de las texturas de hojas y flores, en la asombrosa y misteriosa precisión de las formas brotadas de la naturaleza. Para acercarse al máximo y entablar un cuerpo a cuerpo con estas estructuras, ojos y manos se equipan con las intenciones minuciosas de lupas y microscopios. Esa es la estrategia de la artista: nutrirse de delicadeza y exactitud.

Nina Kreis es grabadora, escultora y maestra impresora. Sus obras evocan memorias y afectos de su viaje a Japón en 2024, cuando participó en la 12ª Trienal del Museo del Papel Ino-cho, en Kochi (donde posee obras en colección). Discípula de Marcello Grassmann, quien ejerce gran influencia en su trayectoria, Nina reflexiona constantemente sobre la reproductibilidad del grabado y cómo esta puede influir en la propia imagen y su interpretación. Gracias a su experiencia y familiaridad con distintos materiales —grabados, papel, maderas recicladas, muebles y objetos—, se sintió atraída a combinarlos en su práctica artística, creando obras más escultóricas, verdaderas assemblages grabadas.

Para Ulysses Bôscolo, el dibujo es una combustión; el grabado, un gesto también intrusivo en sus repeticiones; y el color, una relación volcánica en el acto mismo de su fabricación, cuando se enfría al contacto con las superficies. Sus figuras parecen nacer de los roces, de las fisuras que nuestra mirada produce sobre las cosas del mundo, y es del fuego de donde proviene la energía para el desate de las voluntades. Son fuegos fatuos tejiendo un discurso fabuloso, iluminando regiones de ceguera. Dibujadas, grabadas e impresas sobre papeles de diferentes orígenes, las figuras aquí reunidas navegan hacia una biblioteca donde los libros permanecen siempre abiertos, con las páginas agitadas por el viento.

Vinicius Libardoni se dedica a la experimentación con herramientas, materiales y soluciones constructivas propias de la arquitectura y de la industria de la construcción civil, creando imágenes, objetos e instalaciones espaciales que se sitúan en la frontera entre los campos del grabado, la arquitectura, la escultura y el arte público. En su obra, el arquitecto-artista combina la estética de la artesanía, el carácter táctil de los materiales y las soluciones constructivas mismas para crear imágenes poéticas que nos invitan a reflexionar sobre la condición contemporánea de la arquitectura y del patrimonio construido, centrándose en estructuras olvidadas, abandonadas y a menudo perdidas en el tiempo.

Eduardo Besen

Octobre 2025