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mulheres.gráfica.política

Maio

2025

A Galeria Gravura Brasileira convida para a abertura da exposição

Gravura Brasileira Gallery invites you to the opening of the exhibition



mulheres.gráfica.política
women.graphics.politics


projeto de Yili Rojas / a project by Yili Rojas


abertura / opening

10 de maio, sábado, 13 - 17h / May 10, Saturday, 1- 5 pm



Programação / Program:


10.05 - Abertura, sábado, 13-17h / Opening, Saturday, 1pm-5pm

Galeria Gravura Brasileira 


14.05 - Apresentação da proposta da exposição

Presentation of the exhibition proposal 

Condó Cultural 


16.05 - Workshop com mulheres atendidas por ONG parceira 

Workshop with women assisted by a partner NGO 

Pinacoteca 


14.06 - Conversa com Mulheres Gráficas, sábado, 14-15h 

Conversation with Graphic Women, Saturday, 2-3pm

com as artistas / with artists Cleiri Cardoso, Helena Kanaan e/ and Yili Rojas

Galeria Gravura Brasileira 


14.06 - Finissage, sábado, 13-17h 

Closing, Saturday, 1pm-5pm

Galeria Gravura Brasileira 



galeria Gravura Brasileira

rua Ásia, 219, Cerqueira Cesar, São Paulo

Condó Cultural

rua Mundo Novo, 342, Perdizes, São Paulo

Pinacoteca

Praça da Luz, 2, Luz, São Paulo



mulheres.grafica.política


projeto  e texto de Yili Rojas



Nesta exposição apresento posições e iniciativas das quais participo como iniciadora, coordenadora, colaboradora ou integrante. Vejo-me como construtora de pontes transnacionais, com alicerces na gravura, nos feminismos e na política – entendida aqui como ação crítica sobre os temas essenciais da vida comum, especialmente naquilo que toca as que fomos socializadas ou somos lidas como mulheres.


Aprendemos a ser mulheres dentro de parâmetros sociais, históricos, econômicos e culturais que continuamente nos moldam. A maioria de nós cresceu em contextos misóginos, onde religião, mídia, escola e família ensinaram uma visão subalterna do feminino. Mesmo quando julgamos ter superado essas perspectivas, surpreendemo-nos refletindo gestos e valores herdados de gerações anteriores. Desaprender a misoginia internalizada é um passo necessário – entre tantos outros que ainda nos cabem.


Tomamos os círculos da gravura como espaços desse desaprender: lugares onde fortalecemos práticas feministas transnacionais, conectando-nos afetiva e politicamente a outras mulheres. Ateliês como Frauen machen Druck (Mulheres que imprimem e/ou que pressionam politicamente) em Berlim, Matriz no Cariri cearense, e La Linofficine em Marselha são exemplos de como os feminismos se expressam em imagens, colaborações e ações gráficas.


Projetos como o Frauen machen Druck com a Migrantinnen Verein (Associação de Mulheres Migrantes Turcas e Curdas em Berlim) e o Feministisches Palästinensisches Archiv Berlin (Arquivo Feminista Palestino de Berlim) ilustram o compromisso político e artístico com questões urgentes – como reconhecer e honrar a maior diáspora palestina da Europa, silenciada na Alemanha em meio ao genocídio em curso e à criminalização de quem ousa denunciá-lo ou protestar.


Visando o diálogo entre gerações, o projeto Mädchen machen Druck (Meninas que imprimem ou pressionam) publicará em breve o livro multilíngue O Carvalho Dourado, reunindo 16 histórias de resiliência contadas poeticamente por mulheres migrantes para jovens mulheres e meninas. Entre elas, destaca-se a importância da participação feminina na Revolução Sudanesa de 2018, seguida por um golpe militar que arrastou o país a uma crise política e humanitária.


Os encontros presenciais ou virtuais e a construção de projetos coletivos tornam-se espaços de suporte, trocas afetivas e práticas. Em Berlim, mulheres – em sua maioria migrantes e refugiadas – reúnem-se semanalmente no Frauen machen Druck, gravando e tecendo redes de apoio mútuo. No Cariri, o Matriz é um ateliê aberto e um espaço de resistência à exclusão das mulheres na tradição da gravura popular. Dali surgem iniciativas como o Matriz – Festival de Grafias Feministas do Cariri, organizado autonomamente e realizado nestes mesmos dias no Nordeste brasileiro, além de projetos como Pornósgráficas.


A rede se expande através do projeto Mulheres Gráficas, conectando mulheres de diferentes regiões do Brasil e de Berlim em encontros mensais para apresentar trabalhos, propor ações e trocar vivências sobre a presença feminina no campo gráfico. Essas iniciativas se entrelaçam na Red de Redes, conectando práticas de países como México, Egito, Bélgica, França, Turquia, Curdistão, Brasil e Alemanha.


Em Oaxaca, o Taller de Gráfica Siqueiros funciona há cinco anos dentro do presídio feminino de Tanivet. A existência deste ateliê impacta profundamente a vida das detentas, sendo organizado autonomamente por artistas locais, atuantes em outras quatro penitenciárias da região. Uma delas é Haydee Nucamendi, que também promove exposições como Empoderamento Gráfico na galeria La Productora Gráfica del Bosque – referência para quem integra essa rede.


A gravura, com sua potência multiplicadora, torna-se meio de incidência política e empoderamento: visibilização, ocupação de espaços e reconhecimento da força coletiva capaz de impulsionar transformações a médio e longo prazo. O retrato gravado, presente nesta exposição, cria pontes de reconhecimento e solidariedade entre mulheres, desafiando misoginia, racismo e classismo internalizados.

A artista cearense Andrea Sobreira, integrante do Matriz e do projeto Bestias Marginais junto a Carolina Piene, usou o retrato para desenvolver Zugvögel durante sua residência em Berlim – financiada pela venda de gravuras das mulheres em Berlim, numa resposta concreta à necessidade de mobilidade e intercâmbio independente de instâncias institucionais.


Cleiri Cardoso, Zahra Peasey, Hanaa El Degham, Nireuda Longobardi, Nathaly Lavôr e Erivana Darc também integram essa rede. Suas obras e posicionamentos evidenciam que o fazer artístico feminista se constrói tanto dentro quanto fora dos coletivos. Enquanto Cleiri denuncia com delicadeza, em gravuras em metal, a condição feminina, nos fala da quase ausência simbólica de mulheres em eventos gráficos importantes – levantando incômodos necessários sobre estruturas de poder ainda atravessadas por sexismo, racismo e classismo. Zahra homenageia as mulheres da greve dos mineiros de Manchester de 1984 em No Going Back. Hanaa traz à tona temas políticos e sociais dentro e fora das fronteiras do Egito, lembrando-nos das crianças que ainda brincam em Gaza. Já Nireuda, Nathaly e Erivana recontam a gravura popular nordestina a partir de olhares femininos, celebrando lutas e protagonismos historicamente invisibilizados.

women.graphics.politics


project and text by Yili Rojas


In this exhibition I present positions and initiatives in which I participate as an initiator, coordinator, collaborator or member. I see myself as a builder of transnational bridges, with foundations in engraving, feminism and politics – understood here as critical action on the essential themes of everyday life, especially in what concerns those of us who were socialized or are read as women.


We learn to be women within social, historical, economic and cultural parameters that continually shape us. Most of us grew up in misogynistic contexts, where religion, media, school and family taught a subordinate view of femininity. Even when we think we have overcome these perspectives, we find ourselves reflecting gestures and values inherited from previous generations. Unlearning internalized misogyny is a necessary step – among many others that we still have to take.


We use printmaking circles as spaces for this unlearning: places where we strengthen transnational feminist practices, connecting ourselves emotionally and politically with other women. Workshops such as Frauen machen Druck (Women who print and/or who exert political pressure) in Berlin, Matriz in Cariri, Ceará, and La Linofficine in Marseille are examples of how feminisms are expressed in images, collaborations, and graphic actions.


Projects such as Frauen machen Druck with the Migrantinnen Verein (Association of Turkish and Kurdish Migrant Women in Berlin) and the Feministisches Palästinensisches Archiv Berlin (Palestinian Feminist Archive Berlin) illustrate the political and artistic commitment to urgent issues – such as recognizing and honoring Europe’s largest Palestinian diaspora, silenced in Germany amid the ongoing genocide and the criminalization of those who dare to denounce or protest it.


Aiming for intergenerational dialogue, the project Mädchen machen Druck (Girls Who Print or Press) will soon publish the multilingual book The Golden Oak, bringing together 16 stories of resilience told poetically by migrant women for young women and girls. Among them, the importance of women’s participation in the 2018 Sudanese Revolution, followed by a military coup that plunged the country into a political and humanitarian crisis, stands out.


In-person or virtual meetings and the construction of collective projects become spaces for support, emotional exchanges and practices. In Berlin, women – mostly migrants and refugees – meet weekly at Frauen machen Druck, recording and weaving networks of mutual support. In Cariri, Matriz is an open studio and a space for resistance to the exclusion of women in the tradition of popular engraving. This has given rise to initiatives such as Matriz – Festival de Grafias Feministas do Cariri, organized independently and held on these same days in the Brazilian Northeast, as well as projects such as Pornósgráficas.


The network is expanding through the Mulheres Gráficas project, connecting women from different regions of Brazil and Berlin in monthly meetings to present works, propose actions and exchange experiences about the female presence in the graphic field. These initiatives are intertwined in the Network of Networks, connecting practices from countries such as Mexico, Egypt, Belgium, France, Turkey, Kurdistan, Brazil and Germany.


In Oaxaca, the Taller de Gráfica Siqueiros has been operating for five years inside the Tanivet women's prison. The existence of this studio has a profound impact on the lives of inmates, and is organized autonomously by local artists who work in four other penitentiaries in the region. One of them is Haydee Nucamendi, who also promotes exhibitions such as Graphic Empowerment at the La Productora Gráfica del Bosque gallery – a reference for those who are part of this network.


Engraving, with its multiplying power, becomes a means of political influence and empowerment: visibility, occupation of spaces and recognition of the collective force capable of driving transformations in the medium and long term. The engraved portrait, featured in this exhibition, creates bridges of recognition and solidarity between women, challenging internalized misogyny, racism and classism.


The artist from Ceará, Andrea Sobreira, a member of Matriz and the Bestias Marginais project together with Carolina Piene, used the portrait to develop Zugvögel during her residency in Berlin – financed by the sale of prints by women in Berlin, in a concrete response to the need for mobility and exchange independent of institutional bodies.


Cleiri Cardoso, Zahra Peasey, Hanaa El Degham, Nireuda Longobardi, Nathaly Lavôr and Erivana Darc are also part of this network. Their works and positions show that feminist artistic work is constructed both inside and outside collectives. While Cleiri delicately denounces the female condition in metal engravings, she tells us about the almost symbolic absence of women in important graphic events – raising necessary concerns about power structures still permeated by sexism, racism and classism. Zahra pays homage to the women of the 1984 Manchester miners' strike in No Going Back. Hanaa brings to light political and social issues within and outside Egypt's borders, reminding us of the children who still play in Gaza. Nireuda, Nathaly and Erivana retell the popular Northeastern engraving from a female perspective, celebrating struggles and protagonisms that have historically been invisible.

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