SOBRE
INTERIORANIDADES
Exposição / Texto da Curadoria
O termo é uma licença poética, mistura das palavras “interiorano”, pessoa que apresenta traços típicos de comportamento e maneira de ser de uma localidade do interior, provinciano (característica que de alguma forma se apresenta nos artistas aqui representados por suas obras); e “interioridade”. O dicionário nos informa que a palavra “interioridade” é um substantivo que designa o que é de caráter ou estado do que é interior, anímico, subjetivo no indivíduo. A exposição ora apresentada confirma o acerto na escolha do seu nome já que o elenco de obras exibidas tem o mérito de realçar a forte assinatura dos seus autores, três personalidades marcadamente distintas, André Yassuda, Biba Rigo e Mariana Ardito e, contudo, a grande espessura poética desses trabalhos logra criar entre eles um diálogo denso e sensível.
A cidade de Taubaté recebe agora a exposição que já esteve em Pindamonhangaba, ambas cidades do interior do Estado de São Paulo que fazem fronteira com a imponente Serra da Mantiqueira. Estas obras, pelo menos a maioria delas, são também o resultado de uma imersão no trabalho, individual e coletivo, em que o grupo esteve reunido para executar e que implicaram na troca com outros artistas, entre os quais é importante citar a fotógrafa e cineasta Tarcila Rigo Andrade que registrou em vídeo e foto o processo imersivo. Registro que captura com delicadeza e precisão a atmosfera que envolveu o grupo de artistas e que por sua inegável qualidade e viés poético escapa da condição de “mero” documento.
Essa pintura tem certo parentesco com o trabalho de Biba Rigo, mas Rigo pensa a matéria pela subtração e não pela adição, as grandes superfícies de lona que a artista cobre com tinta e carvão tem a estranha (e bela) qualidade de serem densas e ao mesmo tempo evanescentes. Existe ali, como em Yassuda, o registro de uma ação, presença de um corpo que executa a pintura. Ela sugere uma dança, uma performance, até uma notação de coreografia. E mesmo sendo executadas em tons de cinza elas emanam uma luz extraordinária.
Essa exposição tem a qualidade incontornável da sinceridade. Ela é sincera e franca na sua disposição de colocar em perspectiva essas distintas produções e é também sincera e franca quando acontece fora dos circuitos mais comuns da arte. É um mérito dos artistas que ela aconteça no interior do Estado onde existe um público que merece ser contemplado com projetos dessa qualidade.
Claudinei Roberto da Silva. Curador

OBRAS
















Sobre
47 anos, vive e atua em São Paulo. Formada em Educação Popular pela PUC-SP, estudou pintura com o artista Juan Balzi e xilogravura no Espaço Coringa. Foi fundadora, gestora e curadora da Casa de Tijolo. Participou de diversas exposições no estado de São Paulo e em outras regiões do Brasil. Expos trabalhos na França e em Cuba, incluindo a 9° Bienal de Havana.
INFORMAÇÕES
Formação
Formação:
Educação Popular / PUC-SP
Pintura / Atelier Juan Balzi
Xilogravura / Espaço Coringa
Arte Contemporânea na Educação / Instituto Tomie Otake
História da Arte Contemporânea / O barco - Agnaldo Faria
Uma escola para Todos / Instituto Mais Diferenças - Jorge Larrossa