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Evandro Carlos Jardim

São Paulo

1935

SOBRE

Evandro Carlos Jardim nasceu na cidade de São Paulo, em 1935. Em 1953, ingressa na Escola de Belas Artes, onde aprende a técnica de gravura em metal com Francesc Domingo Segura. Em 1973, realiza sua primeira exposição individual no MASP, onde apresenta gravuras e objetos tridimensionais em bronze, ferro, alumínio e madeira. Dois anos depois, em 1975, participa da 13ª Bienal Internacional de São Paulo e, um ano mais tarde, expõe na 38ª Bienal de Veneza. Paralelamente à carreira artística, desenvolve intensa atividade docente em várias instituições, como Escola Belas Artes, FAAP e ECA-USP, onde orientou mais de uma dezena de teses de doutorado.

Em seu atelier na Granja Julieta, Evandro constrói suas figuras-signo através do desenho, da gravura e da escultura. O exercício das diferentes linguagens visuais que aborda não segue, em um primeiro momento, uma ordem metódica; mas essa surge a partir das necessidades interiores do próprio artista: como o trajeto do vôo de um pássaro, que começa em uma pequena escultura, entre árvores e nuvens de madeira, e termina seu movimento em um desenho, caindo ou entrando em uma pequenina casa. A composição criada por esses dois trabalhos representa na escultura o espaço, e no desenho o plano.

Para Evandro, a arte é uma tentativa de expressar o mundo interior, a partir das limitações do mundo exterior, através de uma linguagem, “O que retrato é a forma como sinto a cidade. E eu a sinto através de uma linguagem, que eu tento cultivar: a linguagem visual”. Assim, na visão do artista, a arte é um modo de nos relacionarmos com o mundo que nos cerca, na qual o encontro com o outro é a única maneira de cultivarmos as múltiplas formas de sentir cada um.

Evandro Carlos Jardim
SOBRE
OBRAS
OBRAS
EDU, CV, EXTRAS
texto crítico

Evandro Carlos Jardim inicia seu trabalho em arte na década de 1950. Freqüenta espaços como o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp e convive com personagens importantes da história do modernismo da cidade de São Paulo, entre os quais Sérgio Milliet (1898 - 1966). Em 1953, matricula-se na Escola de Belas Artes de São Paulo, estudando com Joaquim da Rocha Ferreira (1900 - 1965) e Vicente Larocca (1892 - 19--). Através das bienais, entra em contato com parte da produção moderna internacional. Interessa-se por artistas como Edvard Munch (1863 - 1944), Oskar Kokoschka (1886 - 1980) e Giorgio Morandi (1890 - 1964).

Na época da faculdade, inicia-se em gravura em metal com Francesc Domingo Segura (1893-1974). Em seus primeiros trabalhos, a gravura se assemelha ao desenho. Jardim risca a chapa de cobre com buril e ponta-seca, procurando aprimoramento técnico. Progressivamente, aumentam as zonas gravadas nas chapas. As formas são conquistadas pelo domínio das técnicas da água-tinta e da água-forte. Em suas gravuras dos anos de 1960, o artista relaciona registros técnicos e estéticos diferentes. Vemos figuras mais realistas combinadas com formas geométricas e grafismos gestuais. Na série Interlagos, 1967, mistura grandes formas negras com desenhos manchados da paisagem urbana.

Depois de uma longa experiência como professor no ensino secundário, inicia sua carreira no ensino superior, primeiro na Escola de Belas Artes, em 1970, e posteriormente na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap e na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. Realiza, em 1973, a individual À Noite, no Quarto de Cima, Cruzeiro do Sul, Lat. Sul 23º32'36", Long. W. Gr. 46º37'59", no Masp, onde apresenta gravuras e objetos tridimensionais em bronze, ferro, alumínio e madeira. Nas gravuras, trabalha com um repertório reduzido de imagens. As mesmas formas aparecem em diferentes trabalhos, com novos significados. Já nesse momento, como em grande parte de sua obra madura, aproveita-se dos diferentes registros gráficos e de gêneros de arte para representar imagens e temas cotidianos. A partir de 1976, realiza estampas detalhistas, onde explora a natureza-morta, o retrato e a paisagem. Na mesma década, Jardim passa a pintar com maior intensidade incentivado por seu marchand, o artista Antônio Maluf (1926 - 2005).

Na década de 1980, as figuras ganham maior independência. Jardim não ambienta as cenas, nem estabelece relações hierárquicas entre as formas impressas. As figuras não têm vínculo formal, são justapostas. Associam-se pela proximidade no papel e, juntas, costuram narrativas sobre a cidade de São Paulo. Em 1991, exibe a série Figuras Jacentes, na Galeria São Paulo. Ali, a relação entre os elementos é ainda mais rarefeita. O artista distribui as imagens em um papel em branco, manchado e dividido em quadriláteros. As imagens não seguem nenhuma ordem, estabelecendo relações inesperadas umas com as outras.

INFORMAÇÕES
textos críticos

"Evandro Carlos Jardim é o chefe de fila da gravura paulista, ou melhor, ele é o criador de uma escola paulista de gravura. Trata-se de uma gravura intimista, miniaturizada, silenciosa, que fixa interiores quietos ou a pequena paisagem ao redor da casa, objetos imersos no tempo. Uma gravura que funciona como espécie de diário íntimo, caderno de notas, pequeno teatro do ser. Mas Evandro é, além de gravador, ´um tímido, honesto, plácido desenhista, alguém que se isolou por vontade própria´, como disse a seu respeito P. M. Bardi. E também vem-se dedicando à pintura. Os temas continuam basicamente os mesmos: os pequenos e mágicos momentos que fazem a beleza e a poesia do cotidiano, uma tarde qualquer de dezembro, uma noite de verão, um simples quarto de dormir, a visão das roseiras antigas ou um arisco cachorro do mato".
Frederico Morais
DACOLEÇÃO: os caminhos da arte brasileira. Introdução César Luís Pires de Mello; texto Frederico Morais; apresentação Júlio Bogoricin. São Paulo: Júlio Bogoricin, 1986.



"A despeito dessa proeminência como gravurista, pinta há mais de três décadas, muito embora somente em 1986 tenha aquiescido em expor suas pinturas, numa individual realizada em São Paulo, lado a lado com gravuras e aquarelas. Os óleos e têmperas de Jardim possuem as mesmas características de sensibilidade, apuro artesanal e invenção formal a que nos habituaram suas gravuras, e, como essas, partem da realidade, que terminam por transfigurar. Figurativista por assim dizer mágico, seduzem-no os aspectos aparentemente triviais da vida, pequenos dramas aos quais ninguém presta atenção - um pássaro morto na praia, por exemplo -, quando não as aproximações insólitas - uma xícara na paisagem, o tinteiro junto ao feixe de feno -, aos quais imprime intensa atmosfera poética e certa nota surrealista".



Olívio Tavares de Araújo
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.

"A imagem é gravada através de sucessivas aplicações de ácidos sobre uma chapa de cobre, denominada matriz, que depois recebe tinta e vai à prensa para transportar a imagem ao papel. Esse é o processo convencional, que Evandro enriquece ao acrescentar ou eliminar figuras em inúmeras gravações adicionais que destroem as imagens inicialmente traçadas.

'Não uso a técnica da gravura como multiplicadora de imagem, uso-a como uma forma de pensar meu trabalho', conta, para explicar por que faz edições de no máximo cinco cópias. 'Não gosto de entregar o trabalho de edição a um técnico impressor. O processo de fazer e editar a gravura me ajuda a entender as imagens que crio e como devo reorganizá-las'".
Angélica de Moraes
MORAIS, Angélica. A cidade pelos mapas imaginários de Jardim. Jornal da Tarde, São Paulo, 13 jun. 1991.

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