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Francisco Maringelli

São Paulo

1959

SOBRE

Gravador, xilógrafo, professor.

Francisco José Maringelli frequentou curso livre do ateliê de pintura e gravura do Museu Lasar Segall, entre 1980 e 1981. Gradua-se pela Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP) em 1984 e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo FAU/USP, em 1989, ambas da Universidade de São Paulo. Ministra oficina de gravura no Museu da Gravura de Curitiba, em 1985, e na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, em 1989 e 1996. Participa do projeto Oficinas Culturais de Bairros entre 1990 e 1991. Em 1994, recebe Bolsa Vitae  para desenvolvimento do projeto Grandes Formatos na Gravura em Relevo. Entre 1995 e 1999, ministra cursos de pintura e desenho na Fundação Cultural Cassiano Ricardo, em São José dos Campos. Realiza curso de gravura em relevo no Centro Universitário Maria Antônia/USP (Ceuma), em 1999-2000.

Francisco Maringelli
SOBRE
OBRAS
OBRAS
EDU, CV, EXTRAS
texto crítico

"Para Francisco Maringelli, a Cidade é o espaço que suas exposições preferem: as madeiras e os sintéticos vão recebendo papel que, impresso, também se expõe em interiores. Exterior ou interior, a exposição lida com gravuras de muitas dimensões. No exterior, distribuem-se volantes gravados que divulgam por escrito, mas também combinando textos e figuras, o que acontece na Cidade, seus cursos, exposições etc. A agressividade da incisão em Francisco Maringelli tem por efeito a emoção, tanto no cortante dos raios que lhe contornam os corpos quanto no dos que se descarregam aleatoriamente na cena. Referindo como seus antecedentes os gravadores nórdicos ou os da Brücke, não omite os daqui. De todos, retém a cena urbana como agressiva, no cortante da incisão e, ainda mais, na violência dos movimentos. Como cartaz, a gravura, em que a cidade se torna cena, volta à mesma cidade, como personagem. Embora a memória lhe mova a mão, não se trata, nas estampas, de manter-se o chavão 'resgate', termo piedoso que pereniza um passado bombom ou bombeiro, no qual a violência havida se edulcora, rosa, mas de seguir o tempo, pura passagem, registrada e meditada em tal ou qual retorno visual aos lugares, que são o corpo, a gravura, a cidade. Tudo, portanto, energiza-se dramaticamente nos tons baixos das estampas: o que está em jogo não é a perenidade da máscara, mas a travessia que encarquilha os seres, expressionista. (...) Na enxurrada de informações da Cidade, Francisco Maringelli é participativo, impondo seus cartazes construídos com imagens e frases que, agressivas, surpreendem o passante."
Leon Kossovitch e Mayra Laudanna
KOSSOVITCH, Leon e LAUDANNA, Mayra. A Cidade. In: GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo : Itaú Cultural : Cosac & Naify, 2000. p. 33-34.

INFORMAÇÕES
depoimento

"O desenho e a pintura representam os meus interesses iniciais nas artes plásticas. As minhas primeiras experimentações com a gravura foram feitas em relevo, com xilogravura e linoleogravura. 
Obras de Munch, Goeldi e dos gravadores-pintores da Brücke me forneceram um repertório de formas e soluções gráficas que alimentaram minhas ambições artísticas. Logo em seguida surgiram artistas como Marcelo Grassmann, Hansen Bahia, Lívio Abramo, Lasar Segall, Renina Katz, Rubem Grilo, Max Beckmann, Otto Dix, George Grosz e Anselm Kiefer, que impulsionaram a minha produção quanto à qualidade da fatura. 
Entre as preocupações mais gerais de meu trabalho com a gravura, destaca-se a presença de séries temáticas, que se sucedem ao longo do tempo. 
A paisagem urbana, inspirada pelo centro histórico de São Paulo, predomina na série feita entre 1987 e 1992. Há, de minha parte, observação de aspectos caóticos da cidade e das ações das pessoas nesse cenário urbano povoado de fatos e reações incríveis. 
As imagens de objetos que se acumulam no ateliê casualmente tiveram início nos anos de 1994-1995 e foram tratadas em grandes dimensões, pois me interessava aproximar a gravura da linguagem muralista. O retrato como tema é caro à minha obra gráfica, pois se constitui uma espécie de registro contínuo de tempo, registro, contudo, de ordem subjetiva. 
No princípio, a cor iluminava um ou outro elemento da imagem, na qual predominava o preto. Quando o recorte de cada plano de cor se impôs, decidi-me pela separação das cores em diferentes matrizes, reservando o preto para a matriz-chave. Há em minha gravura sempre uma tonalidade rebaixada resultante do interesse pelo emprego da cor em obras de alguns pintores, como Morandi, por exemplo. Com o controle da vibração, ressalta-se o desenho e cria-se uma unidade cromática consoante uma austeridade na apreensão da imagem gráfica. A cor liberta a edição de preocupação com tiragem padronizada, ao mesmo tempo possibilita inúmeras mudanças de atmosfera em cada estampa. 
A experimentação com outros materiais que servem de matriz para a gravação me tem conduzido a diferentes efeitos e qualidades gráficas no que concerne ao corte e à impressão. Uso madeira, linóleo, prensados e sintéticos. 
Em meu trabalho há utilização da linguagem do cartaz na medida em que este participa de um vocabulário urbano detentor de apelo visual agressivo capaz de anunciar os desenvolvimentos presentes nas séries gráficas expostas intramuros. As peças gráficas para divulgação têm lugar em volantes que anunciam cursos ou oficinas e visam materializar frente às pessoas a essência da linguagem por meio da qual me expresso. 
Em mostra como Imagus, de 1986, e Demogorgon, de 1995, os cartazes têm papel proeminente, pois procuram exprimir (também através de auto-retratos) transfigurações de minha própria figura. Tal preocupação em resgatar a memória por meio de registro de marcas deixadas pelo uso e pelo tempo comparece também em Máscaras e Máculas, de 1992. Nesta série, apresento um conjunto de objetos que constituem imagens que remetem para a construção de esculturas, outro meio de expressão que alimenta meu trabalho gráfico. "
Francisco Maringelli - 2000
GRAVURA : arte brasileira do século XX. São Paulo : Itaú Cultural : Cosac & Naify, 2000. p. 218

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