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Lena Bergstein

Rio de Janeiro

1946

SOBRE

Lena Bergstein trabalhou com gravura em metal durante muitos anos, tornando a superfície da chapa um arquivo de impressões, de inscrições e de marcas. Textos escritos e apagados, desfeitos e refeitos.  Quando passou para a pintura, as palavras e os textos continuaram elementos presentes na obra. 

Desde 1989, a artista vinha se debruçando sobre os escritos do filósofo francês Jacques Derrida, fazendo leituras poéticas e plásticas de seu pensamento. Essa relação ficou evidente na Tenda, instalação montada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1992.  Por admiração Lena começou a acompanhar a trajetória do filósofo, desenvolvendo trabalhos a partir das conferências de Derrida em seus seminários em Paris. A relação entre os dois foi se estreitando.  


Lena  Bergstein
SOBRE
OBRAS
OBRAS
EDU, CV, EXTRAS

Em 1998, é editado o livro criado em parceria com Derrida, que lhe ofereceu o texto Forcener le Subjectile, que deu origem a Enlouquecer o Subjétil, livro vencedor do prêmio Jabuti em 1999. Em 1998 inaugura a exposição ToilesRécentes, junto com o lançamento do livro Enlouquecer o Súbjétil, na GalerieDebret, Paris, e no Paço Imperial no Rio.  

Em 2003 apresenta a exposiçãoTramas na Sílvia Cintra Galeria de Arte, e Amarelo Cromo, na Chácara do Céu. 

Em 2004, A Escrita do Silêncio no Solar Grand- Jean de Montigny, no Instituto Ítalo Latino Americano, IILA, em Roma, e no Centro Internazionale di Gráfica em Veneza. 

Em 2005 Lena expõe na galeria Mercedes Viegas, no Rio, e em São Paulo, no espaço Contraponto. No mesmo ano participa da exposição Manobras Radicais no CCBB de São Paulo. 

Em 2007 expõe Marcas da Memória no Paço Imperial do Rio de Janeiro.  Suas mais recentes exposições são: em 2009, Relatos, no Largo das Artes, Rio. Representa o Brasil na exposição coletiva Europalia, Bélgica. Em 2012 expõe Livros no Centro Cultural Midrash. 

Em 2013 expõe Lena Bergstein no Museu De Arte Moderna do Rio de Janeiro, e em 2015, Narrações no Mube, Museu Brasileiro de Escultura, SP, e na galeria Gaia, Unicamp. Participa em 15/16 da SPFoto/Arte com a Galeria ArteEEdições. Expõe no Centro Cultural Midrash, 2017, Cartas de Odessa.  

Foi convidada para ministrar o curso A Arte e a Escrita na História da Arte, na Escola da Magistratura do Rio de Janeiro. Em 2015, é artista convidada para ministrar o mesmo curso, durante seis meses, no Departamento de Artes da Unicamp, Campinas. E em novembro de 2017, deu o curso A Arte e a Escrita, um relato contemporâneo no Centro Universitário Maria Antonia, USP.  Apresentou no Museu Nacional de Belas Artes, RJ, março de 2018, a exposição Ficções. 

Foi convidada para fazer parte de uma exposição de 10 artistas contemporâneos, como abertura do Instituto Casa Roberto Marinho, abril de 2018, Rio de Janeiro.

INFORMAÇÕES

Ut pictura poesis.” [“Assim como a pintura, a poesia.”]

Horácio, Arte poética

“A poesia e o desenho são irmã e irmão, como você sabe, assim como as palavras e as cores.”

Orhan Pamuk, Meu nome é vermelho



Galáxias

No céu, o firmamento: rutilam palavras, figuras, riscos e rabiscos transmutados em matéria cósmica, poeira luminescente, que brilhantes volteiam etéreas na noite ultramarina. No céu, a presença da passagem dos tempos, onde muitos buscam a origem da potência da Obra.

Adentrando no lusco-fusco anilado saltam poeira e matéria cósmica, modificados num vocabulário de frases, geometrias e inúmeros fragmentos gráficos desenhados na superfície das telas.

A lógica da Obra está no enigma destas passagens: paisagem sem horizonte, ausente de perspectiva, superfície vibrante. Aqui temos distintos elementos sinalizadores de sentido. Lena nos oferece páramos, lugares, caminhos, atalhos, evocando no percurso visual seus escritores preferidos, como Giorgio Agamben, o poeta Mahmud Darwich, Osip Mandelstam e outros, cujas vozes se conectam em suas contradições. Desta forma, seus desenhos, suas colagens, sua pintura e sua escrita, como escolhas técnicas, tecem sua linguagem de artista, conjugada em um pensamento plástico que explora a manifestação poética única e pessoal de sua visão do mundo.

A partir de uma prática artística elaborada e de uma linguagem repleta de sensibilidade, vemos em seus trabalhos “interações de sistemas múltiplos, sistemas de trocas”, segundo Lena, onde cada signo, cada sinal gráfico, objetiva novas significações e assim reescreve a origem, o tempo e o cosmo azul em outros parâmetros de significados. Cabe a nós interpretar os sentidos de sua arte.

O uso da escrita na forma caligráfica com suas aparições fantasmáticas e outros signos repercutem como uma voz constante que celebra a intertextualidade das linguagens.



Palimpsestos

As gravuras apresentadas oferecem palimpsestos, similares aos antigos pergaminhos, onde a matéria metálica é dilacerada pela oxidação. As folhas de ouro e tinta mineral fundem-se e, na aleatoriedade, originam na superfície do papel marcas, registros, palavras avulsas, ferimentos, grafismos; com a pigmentação verdejante, ganham vida poética.

Estamos diante de um processo alquímico de mutações gráficas, de uma experiência química cara aos processos de gravação no metal. Aqui, não no cobre, por exemplo, mas no papel, fibras orgânicas sensíveis que transmutam o ouro e outros elementos num inusitado processo de destruição e de construção no pensamento gráfico.

Rasgam-se as bordas do papel, fragmentam-se suas partes: eis a gravura em uma nova forma.



Feres Lourenço Khoury

Professor Livre-Docente – FAUUSP

Artista plástico

junho 2025

Galáxias é o nome da série de 12 telas que serão apresentadas na exposição.
As telas expostas são todas pintadas em tinta acrílica com algumas intervenções de oxidações e são como um firmamento que olhamos à noite com estrelas que resplandecem e brilham, circundadas de uma densa escuridão.          
Essas telas possuem uma grande interação organizando-se em sistemas múltiplos e sistemas de trocas em uma intersecção de estrelas e de poeira estelar como um catálogo de objetos difusos.

Nas gravuras trabalho com oxidações em folhas de ouro e cobre.  O processo das oxidações é aleatório. Acontece e surge sem previsão e sem projeto. A oxidação desfaz as folhas de metal, rasga suas bordas e se fragmenta deixando na superfície do papel um quase nada trabalhado. Ao se repetir o processo, as cores e marcas vão se sobrepondo e se somando, adensando os traços, os grafismos e a pigmentação com seus esverdeados, dourados e amarronzados.
Os trabalhos expostos são como páginas onde a escrita se mostra na sua conjugação com o desenho trazendo até nós a memória de um tempo de origem, quando desenho e escrita eram uma só coisa.
São escritas, riscos, rabiscos, traços e pequenas figuras geométricas, enfatizando sempre o caráter gráfico do trabalho, na superposição de pintura/desenho e escrita.


texto da artista
Lena Bergstein
junho 2025

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