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Marco Buti

Empoli, Itália

1953

SOBRE

Marco Buti realiza desenhos e gravuras cujas temáticas principais são a figura humana e a paisagem urbana. Como nota a historiadora da arte Maria Cecília França Lourenço, em suas obras, as formas nascem do traço agitado, por vezes, sobreposto a outros, de maneira que as formas parecem emergir do tecido gráfico. Para Lourenço, a produção de Buti destaca-se por proporcionar ao espectador uma sensação de atmosfera ou de velocidade, e principalmente pelo tratamento dado à figura humana, à qual confere um clima emotivo.

A cidade aparece na gravura do artista em vistas fragmentadas e é explorada em trabalhos em água-forte, água-tinta, buril e ponta-seca. Segundo o próprio artista, as obras inspiram-se em suas caminhadas pela cidade, quando procura observar as diferentes incidências da luz, a construção ou demolição dos edifícios, o deslocamento das pessoas, os reflexos, as sombras e os espaços.

Buti, que defende a gravura de pesquisa, entende como válidas todas as técnicas, inclusive as mais recentes e experimentais, mas afirma que, no Brasil, os artistas ainda têm o privilégio da intervenção artesanal plena no processo gráfico, o que lhes possibilita experimentar a prática artística em sua totalidade.

Marco Buti
SOBRE
OBRAS
OBRAS
EDU, CV, EXTRAS
Bio

Muda-se para o Brasil em 1962. Gradua-se em artes plásticas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), em 1980. Em 1984, freqüenta o curso de litografia de Regina Silveira (1939) na ECA/USP. Entre 1986 e 1995, leciona gravura e desenho no Departamento de Artes Plásticas do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (IA/Unicamp), em que é um dos responsáveis pela montagem do ateliê de gravura. Recebe em 1990 o prêmio aquisição na 9ª Mostra de Gravura Cidade de Curitiba. Em 1994, conclui o mestrado em artes plásticas na ECA/USP, onde, em 1995, passa a ministrar aulas de gravura e desenho. Nesse mesmo ano, publica o livro Marco Buti, Coleção Artista da USP, pela editora Edusp. Recebe o prêmio de gravura, em 1997, da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e, em 1999, recebe o premio Internazionale di Biella per l'Incisione, em Biella, Itália. Nas décadas de 1980 e 1990, participa de diversas exposições coletivas e realiza algumas individuais, entre elas a exposição que apresenta a conclusão de sua tese de doutorado Ir, Passar, Ficar, realizada no Centro Cultural São Paulo (CCSP), em 1999.

INFORMAÇÕES

"Muito estudada nas calcografias de Marco Buti, a cidade é o lugar em que se questiona o político, quer o da economia, quer o da estética. Duplamente política, a gravura considera o tema da exclusão que dirige Buti para a tese de que, desigual, a globalização poupa o gravador brasileiro de inclusão em horizontes técnicos de ponta. É por isso que a gravura brasileira pode manter-se manual, embora alguns considerem esta direção superada. Todavia, fica a pergunta sobre quem se pretende superador, se participa na quadrilha que controla o país ou em grupo que deseja mandar em nome de um vanguardismo, hoje, conformista. Para Buti, que defende a gravura de pesquisa, todas as técnicas são contemporâneas, com igual direito à cidadania. Rebatendo-se a reflexão artística de Buti na cidade, esta aparece como lugar gráfico: por isso, seus estudos recentes de ponta-seca cingem-se à incisão e ao efeito da rebarba, minimalismo de que diferem os estudos que combinam técnicas, enquanto dirigidas pela cidade. A ela chegam as águas, tinta e forte, o buril e a ponta-seca: a vinda é narrada por Buti em posição de fotógrafo, com o flagrante na cabeça. O ponto e o momento cruzam-se na luz instantânea, no movimento cortado, no ângulo rápido: gente, demolição, reflexo, tudo se apresenta para o passante, que, ativado pelo átomo, está destotalizado, desidentificado pelo imprevisto. Descontínuo, o passante anda, devindo em si mesmo com os solavancos do real. Ele, aqui, não devaneia: distraído, permite que algo se mostre de relance. A gravura do aviãozinho de papel é a alegoria invertida do que Marco Buti narra: flutuação acima dos imprevistos, vôo de pássaro aneladíssimo pelos que amam a paisagem como totalidade. Mas, em Marco, não há isso: o aviãozinho e sua cidade pertencem ao devaneio, ao passo que as suas gravuras pensam duas visualidades, a atômica e volátil do passante, a reflexiva e tátil do vente".
Leon Kossovitch e Mayra Laudanna
KOSSOVITCH, Leon; LAUDANNA, Mayra. A cidade - encontros. In: GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural : Cosac & Naify, 2000. p. 30.

Texto crítico

"Sinais de uma indiscutível qualidade gráfica, as gravuras de Marco Buti revelam, à primeira vista, uma atitude de extrema coerência e trabalho conseqüente ao tratar e considerar as questões das artes gráficas contemporâneas no contexto maior das artes plásticas e visuais. Certo da importância de uma 'consciência gráfica' necessária, que conduz, orienta e sempre deu sentido ao ato de gravar como expressão, seu trabalho reúne, em um só tempo, precisão e subjetividade, emoção e vocação estudiosa na concepção de cada estampa, sem, contudo, trair os valores essenciais e inerentes dessa linguagem. Antes: inovando-a, muitas vezes, pela prática de experimentação e pela geometria plena de suas realizações. É ainda pela mesma atitude coerente e de consideração ao meio material que seu trabalho aponta o caminho e desperta para a importância do exercício maior de um ofício competente como meio digno, natural e social da manifestação de seus anseios e pensamentos".
Evandro Carlos Jardim
JARDIM, Evandro Carlos.  [Texto constante da orelha do livro]. In: BUTI, Marco. Marco Buti. Apresentacao Sérgio Miceli e Evandro Carlos Jardim. São Paulo: Edusp, 1995. (Artistas da USP, 1).

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