SOBRE
Artista com Graduação em Artes Plásticas pela FAAP. Estudou com Evandro Jardim, Regina Silveira e Carlos Fajardo.
Tem experiência no campo da gravura, com ênfase nos processos de gravação e multiplicação de imagens, atuando em exposições e ministrando cursos no sistema Sesc e no Ateliê Vera.
Em seu repertório poético, compõe padrões geométricos a partir da linha orgânica gravada em matrizes de cobre. Através de um complexo reordenamento visual, ressignifica imagens sobrepondo camadas e construindo tramas em uma caligrafia própria.
Tira partido do efeito óptico gráfico, pelo uso da cor e pelo deslocamento e cruzamento de linhas, resultando em geometrias ao mesmo tempo, rigorosas e sensíveis.
Mostrou suas gravuras em exposições no país e no exterior, entre as quais destaca: Paço das Artes, Janaina Torres Galeria,Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, individuais na Galeria Sesc Paulista e Galeria Gravura Brasileira. Participou de mostras na Itália, Bulgária, Áustria,Cuba, França, México, Holanda, Alemanha, Portugal e Hungria.
Recebeu prêmio aquisição na Trienal de Gravura da Polonia.
Suas obras fazem parte de coleções da Fundação Cultural de Curitiba; SESC/SP; Centro Cultural São Paulo; Museu Nacional de Artes de Havana e Museu de Gravura de Cracóvia na Polonia.

OBRAS

























Currículo
1962 Casa Branca, SP
Vive e trabalha em São Paulo
Graduou-se em Licenciatura Plena em Educação Artística pela Fundação Armando Álvares Penteado, FAAP, estudou com Evandro
Carlos Jardim, Regina Silveira, Nelson Leirner e Carlos Fajardo.
Principais exposições no Brasil: (1995 ) Paço das Artes,SP, (1996) individual na Galeria Passagem-Consolação,SP, (1997) Museu
Metropolitano de Arte de Curitiba, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, (1998) individual na Galeria SESC Paulista, (1999)
Centro Cultural São Paulo, (2000) Mostra Brasil no Memorial de Curitiba, PR. (2005) individual na Galeria Gravura Brasileira, SP,
(2011) Galeria L’oeil, SP, Mulheres Artistas do Acervo do SESC de Arte Contemporânea, São Carlos, (2012) individual na Galeria
AVA, SP, (2013) “Linhas de Fuga” no SESC Vila Mariana, (2017) Entrepáginas na Janaina Torres Galeria, SP, (2021) Galeria Anexo
Lona, SP, (2022) Dança de Encontros, coletiva no Edifício Vera, SP, (2023) NenhumLugarAgora, Edifício Vera, SP.
Principais mostras no exterior: Itália (Derbylius Galeria de Arte, Milão, 1998 e Galeria Venti Correnti, Milão, 1999), Bulgária (10
th International Print Biennial, Varna, 1999), Áustria (Cultural City Network, Viena,2001 e Viena Art Center,2002), Cuba (Casa
Guayasamin, Havana,2003), França (Galeria Michèle Broutta, Paris,2005), Holanda (Amsterdams Grafisch Atelier,2005), Washington,
Nova Iorque e México (Brazilian Contemporary Printmakers,2008), Alemanha (Horst Janssen Museum, Oldenburgo, 2010),
Portugal (5ª Bienal Internacional de Gravura Douro, Alijo, 2010), Hungria (Alta Resolução.Meio Século (1966-2015) Artistas premiados
na Trienal Internacional de Gravura de Cracóvia, no Centro MODEM, Drebecen, 2017),Hungria (The Masters of Graphic
Arts, 11ª International Biennial of Drawing and Graphic Arts, Flóris Romér Museum, Budapeste, 2022), Hungria (Innovation in
Contemporary Art, Vasarely Museum, Budapeste, 2023)
Recebeu Prêmio Especial na Trienal Internacional de Gravura da Polônia em 2000.
Possui obras nos acervos da Fundação Cultural de Curitiba,PR, União Cultural Brasil Estados-Unidos,SP, SESC/SP, Centro Cultural
São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes de Havana, Cuba e Museum of Print Art, Cracóvia, Polônia.
INFORMAÇÕES
texto crítico
Fonte Luminosa
Imagine o mundo sob a óptica de uma criança. Seu corpo caminha pela rua com os dois braços esticados para cima segurando as mãos de seus pais, um de cada lado. Ao olhar para baixo, você percebe que começa a subir uma escada com degraus na altura de seus joelhos. Quando volta a olhar para cima, chega na praça da cidade e vê ao centro uma fonte com fios de água que sobem e descem em movimentos curvilíneos. Nesta dimensão de mundo, a fonte tem o dobro do tamanho de seu corpo. Para um adulto de altura mediana, ela não passa da altura do pescoço. Essa cena poderia ter acompanhado os pensamentos da gravurista Renata Basile como uma memória afetiva, sendo recordada ao contar as histórias de criança, mas não foi o caso. A materialização da fonte, não como imagem, mas como lembrança, só vem para a artista depois que centenas de gravuras já estão impressas no papel, em uma repetição obsessiva do movimento em arco que as linhas d’água desenhavam no ar.
Quando eu a visito em seu ateliê, em junho de 2023, boa parte das gravuras estão alinhadas lado a lado em uma das paredes da sala. O que não coube na parede, ocupava a parte superior da mapoteca, com gavetas que abrigavam outras peças, havia também obras sobre a grande prensa no fundo do ateliê. Olhar para o conjunto de gravuras é uma perspectiva de paisagem.
Em um encontro mais recente com Basile, revisitando matrizes do início dos anos 2000, nos surpreendemos ao ver que suas gravuras de 20 anos atrás se comportavam na abstração e já indicavam o seu fascínio pelos fios. Outrora eram mais volumosos, menos espaçados e remetiam ao acúmulo de traços, quase sem distância entre eles, entretanto o movimento das águas na fonte já estava lá. Brotando e espalhando as linhas pela superfície do papel.
Fonte Luminosa é a organização das séries desenvolvidas organicamente ao longo de seu último ano de produção, um retorno à sua memória de infância que relata sua experiência no mundo como o fluxo das águas na fonte: cíclicos e contínuos. Estão nas salas da Galeria Gravura Brasileira as séries Correnteza, Cachoeira e Meridianos, investigações sobre arcos, riscos, tramas, linhas e sobreposições que criam gravuras únicas, que advém da mesma matriz. A artista vê na serialização um campo de exploração. Não se tratam de trabalhos em tiragem de larga escala, mas, sim, de obras que refletem o submundo da repetição.
Os trabalhos produzem um efeito óptico, mostrando linhas que ora se cruzam, ora tangenciam e ora se acompanham paralelamente. Formam uma espécie de holografia do deslocamento da água e rememoram a fonte da praça da cidade onde viveu na infância.
Os riscos, que tradicionalmente na gravura em metal abominam as rebarbas, nas obras de Basile ganham não apenas liberdade, como técnica. São cuidadosamente deixados pela artista ao trabalhar com o ácido e se manifestam quebrando a rigidez na linha, gravando uma névoa no entorno do traço. São como as gotículas de água que formam uma neblina na queda das cachoeiras.
Nas gravuras não há nada a esconder, Basile faz questão de marcar os contornos das matrizes no papel, registrando sua existência. Anos de experiência indicam que esconder como alcançar as imagens é ingênuo. O cobre que recebe a gravação é tão importante quando a impressão. Assim, podemos observar seu registro no papel em uma penumbra, que, assim como a memória, é preciso regatar seus contornos.
A célebre frase de Heráclito, que ilustrou a sua Teoria do Devir, se faz presente neste conjunto de obras, compondo mais uma gama de metáforas. Em Fonte Luminosa, exposição individual de Renata Basile, o rio é a memória. “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”.
texto de Ana Carla Soler