SOBRE
Onde começa o céu
As gravuras de Tales surpreendem a gente. Como traduzir em linhas o contorno das nuvens? Como colocar em um texto meu espanto diante destas imagens?
Em uma primeira série de xilogravuras, feitas com a técnica de matriz perdida, vemos a paisagem sendo invadida pelos
prédios. Quem olha pela janela, vê cada vez menos a natureza, e se contenta com um pedaço de céu que se vislumbra entre dois prédios. A sensação de ocupação do espaço é transmitida por linhas brancas que se sobrepõem.
A outra série de imagens poderia ser mostrada como se fosse idêntica à primeira, com os prédios ocupando o espaço e escondendo o céu. Aqui, é como se a natureza, representada pelo céu com nuvens, reivindicasse de volta o seu espaço. As linhas que formam figura e fundo coincidem para fazer os prédios desaparecerem sem deixar vestígios. E é aqui que vem o meu espanto diante deste jovem artista que levou a sério a definição de gravura como imagem calculada, com seus estudos preparatórios, a sua coleção de linhas e de hachuras para os diversos tons de cinza.
Não se trata apenas de habilidade, mas de uma sensibilidade que não quer deixar de registrar o incômodo causado pelo crescimento desordenado das cidades, e num gesto utópico,digno de Cervantes, retomasse o céu. A beleza destas imagens também está no que desperta em cada um, a vontade de seguir vivendo e a esperança de ver, a cada manhã, o mesmo céu de antes.
Amir Brito Cadôr é professor da Escola de Belas Artes da UFMG.
Texto publicado na ocasião da exposição Onde Começa o Céu
Fundação de Arte de Ouro Preto - FAOP/Ouro Preto, MG
Abril de 2010

OBRAS









Bio
Doutor em Artes e Experiência Interartes na Educação, pela Escola de Belas Artes da UFMG (2020). Mestre em Arte e Tecnologia da Imagem (2013), Bacharel em Artes Plásticas/Gravura (2006) e Licenciado em Artes Visuais (2009) também pela EBA/UFMG. Artista visual; professor do Instituto Federal de Minas Gerais - IFMG, campus Santa Luzia (2016-), onde atua como Coordenador do Curso Técnico Subsequente de Paisagismo; professor na Escola de Belas Artes da UFMG (2013-2014) e professor de Artes Audiovisuais na Escola Fundamental do Centro Pedagógico da EBAP/UFMG (2010-2011). Atua no campo das Artes Visuais; Ensino de arte e de artes indígenas (Pataxó e Xakriabá) na escola não indígena; Intervenção Urbana; Gravura e Arte/educação. Participou de exposições no Brasil, Cuba, Estados Unidos e Uruguai e atuou como curador ou artista de projetos de intervenção urbana frente projetos, ou coletivos de artistas, como o TAU - Território Arte Urbana, o PIA (Programa de Interferência Ambiental) e o Kaza Vazia, que apropriou imóveis abandonados da cidade a fim de desenvolver projetos colaborativos de experimentação e exibição em arte.
INFORMAÇÕES
Exposições
Exposições e Participações
Seleções Recentes
2013: 18º Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc VideoBrasil, São Paulo, SP.
2013: Bolsa Iberê Camargo, artista destaque no site da Fundação Iberê Camargo.
2013: Sesi Arte Contemporânea - Mostra 2013, Curitiba, PR.
Salões e Concursos
2012: Prêmio EDP das Artes, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP.
2010: 9º Salão de Jataí, Museu de Arte Contemporânea, Jataí, GO.
Exposições Individuais
2012: "Horizontes", Galeria de Arte da COPASA/MG, Belo Horizonte, MG.
2010: "Onde Começa o Céu", xilogravuras e desenhos, Galeria Nello Nuno, Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), Ouro Preto, MG.
2008: "Matriz Perdida", Passarela da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Anexo Francisco Iglésias, Belo Horizonte, MG.
Atuação Internacional
Tales Bedeschi participou de exposições no Brasil, Cuba, Estados Unidos e Uruguai, evidenciando a amplitude de sua atuação artística e seu reconhecimento além das fronteiras brasileiras. Seu trabalho envolve uma exploração contínua das interseções entre a arte e a tecnologia, resultando em obras que desafiam as percepções tradicionais e promovem um diálogo crítico sobre a contemporaneidade.
Contribuições e Influências
Através de suas exposições e projetos, Tales Bedeschi tem contribuído significativamente para o cenário artístico contemporâneo. Sua habilidade de integrar a prática artística com a educação e a produção cultural reflete seu compromisso com o desenvolvimento e a difusão da arte como um meio de transformação social.