SOBRE
No início de sua obra gráfica, no fim da década de 1990, Wladimir Fontes vale-se da figuração como instrumento de investigação da linha, do traço. É o caso de Coco, 1998, uma estampa a ponta-seca resultante da participação do artista no ateliê de gravura do Museu Lasar Segall: "Cheguei até o ateliê pela vontade de aprender outra forma de construir imagens", declara Fontes. Partindo de um tema simples, nessa obra ele cria a oportunidade de experimentar várias extensões, espessuras e profundidades da linha gráfica. Em estampa exposta um ano mais tarde, O Público do Equilibrista n° 7, 1999, essa mesma experimentação segue presente, desta vez conjugada à distorção da figura e a uma construção luminosa de dramaticidade mais acentuada. A formação de Fontes em fotografia inicia-se em 1983, também no Museu Lasar Segall, no qual vem a ser orientador e professor nessa área, em 1989.
Fontes realiza entre 2006 e 2007 a exposição Capharnaum, com fotografias e gravuras. Originalmente o nome de uma cidade bíblica, o artista lhe confere um outro significado - "o lugar onde se guardam coisas em desordem". Este é também o título da série de cerca de 500 fotos que Fontes opta por expor não nas paredes da galeria, mas em pastas que devem ser manuseadas pelo público, como é comum no caso de coleções de gravuras. Dessa série deriva uma outra, presente na mesma exposição, intitulada Luz Lugar, com 35 fotos coloridas. Também integram a mostra duas séries de gravuras: Sete Rodas de Facas e Pictogramas. Nessas gravuras, ele elabora seu universo simbólico, buscando operações ideográficas que lhe permitam formar frases ou palavras com base em imagens recorrentes em sua obra: "Determinadas coisas ou assuntos são insistentes nos meus trabalhos: alguns pictogramas podem se repetir nas fotografias. Essa não acomodação de alguns signos, eu só consigo ver como desordem", afirma.

OBRAS




Bio
Wladimir Augusto Evelim Romero Fontes vive em São Paulo desde 1968. Conclui em 1996 a graduação em filosofia pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - FFLCH/USP e obtém o título de mestre pelo Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da mesma universidade - ECA/USP. Dedica-se à fotografia desde 1983, participando ativamente, entre 1985 e 1989, dos grupos de estudo de linguagem fotográfica do Museu Lasar Segall, em São Paulo. Realiza ainda outros cursos com fotógrafos brasileiros como João Farkas, Luís Monforte, Carlos Moreira, Claudio Feijó, Thales Trigo e Pedro Karp Vasquez e alemães como Andreas Müller-Pohle, Joachim Schmidt e Verena Von Gagern. Entre 1998 e 2000, frequenta os ateliês de gravura do Sesc Pompeia e do Museu Lasar Segall, sendo aluno de Evandro Carlos Jardim e Claudio Mubarac. Nesse período também participa de cursos ministrados por Marcelo Grassmann, Arriet Chaim e Marco Buti. Realiza as exposições individuais Velho, 1989, Nômade, 1989, e Capharnaum, 2006/2007. Recebe o Prêmio Cidade de Santo André na primeira e na terceira edições da Bienal de Gravura de Santo André, em 2001 e 2005, respectivamente.
Fotógrafo, artista visual e professor de fotografia.
Desenvolve projetos fotográficos em livro, com narrativas por imagens sem uso da palavra e realiza curta metragens de forma independente.
Trabalha com fotografia de cena (still) e making of e fotografia adicional em curtas e longas metragens.
Foi professor do Bacharelado de Fotografia do Centro Universitário SENAC, fevereiro de 2000 a junho de 2018. Professor Substituto do Instituto de Artes da Unesp, de abril de 2015 a julho de 2016.
INFORMAÇÕES
Acervos
Galeria Fotoptica - São Paulo SP
Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage - Rio de Janeiro RJ
Exposições Individuais
1989 - São Paulo SP - Velho, na Funarte
1989 - São Paulo SP - Wladimir Fontes - Nômade (foto de autor), no MIS/SP
1998 - São Paulo SP - Nuvem, no Espaço A. C. D' Ávila - ECA/USP
texto crítico
"A cumplicidade do vento. Wladimir Fontes, fotógrafo ousado mas ao mesmo tempo singelo e sem medo de não ser compreendido: suas cenas mostram a interiorização de vivências cotidianas, filtradas pelo sentir e pelo fazer - não pelo racional do querer entender antes de disparar. Na simplicidade que só o domínio da técnica e do pensamento pode permitir, suas fotos nos atingem os sentidos, fazendo-nos cúmplices do vento no prazer uníssono de desvendar o caminho do autoconhecimento".
Eduardo Castanho
Texto para o catálogo da exposição Wladimir Fontes - Nômade, dezembro de 1989.